Os 10 Melhores Filmes do Ano

o cinematógrafo
8 min readJan 12, 2022

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Sempre quando o ano acaba, milhares de listas com os melhores filmes do ano são feitas. Entretanto, é um aspecto muito subjetivo o conceito de “melhor”. Os critérios objetivos para determinar se um filme é melhor que o outro não existem. Por isso, decidi já deixar claro neste primeiro parágrafo que o meu top 10 de filmes de 2021 é composto pelos dez filmes que mais gostei no último ano. Pode até ser que um filme ou outro seja melhor dirigido, ou explora melhor aspectos da linguagem cinematográfica, mas aqui, nessa lista, o que conta é o peso que o filme teve sobre mim.

Antes de enumerar os filmes escolhidos, é importante salientar que entre os filmes lançados em 2021 existem vários que ainda não assisti. Eu finalizei a lista no último dia de 2021, não entrou na lista A Filha Perdida ou No Ritmo do Coração, filmes que ocupariam lugar caso eu tivesse assistido antes de finalizar a lista. Pensando na temporada de premiações, outros filmes como Licorice Pizza, Madres Paralelas e Amor, Sublime Amor, ou os sucessos estrangeiros como Drive My Car e The Worst Person in The World, eu ainda não tive a oportunidade de assistir. Também não coloquei filmes lançados em 2021 que participaram da temporada de premiações do último ano, entre eles Meu Pai e Druk.

Para roubar um pouco e listar mais do que dez filmes, deixo algumas menções honrosas: O islândes Lamb, o vencedor da Palma de Ouro Titane, o fantasioso e delicado Petite Maman, o musical da Netflix Tick, Tick … Boom! e o último trabalho de Wes Anderson, A Crônica Francesa. Agora vamos aos dez escolhidos.

10. The Card Counter: O Jogador

O filme de Paul Schrader funciona como uma extensão formal do seu longa Fé Corrompida (2017). O diretor busca um minimalismo bressoniano na mise-en-scène, ele até homenageia Pickpocket (1959). A câmera se move em poucas panorâmicas, a história principal é bastante simples, mas ele mergulha no interior do personagem principal. Além de ser um filme que versa sobre o mundo das apostas, sem romantização alguma, ele explora também um discurso antimilitar na figura do veterano de guerra. As cenas na cadeia experimentam lentes diferentes e uma trilha pesada para representar a perturbação no ambiente militar e na tortura.

9. Homem Aranha: Sem Volta Para Casa

Além do sucesso nas bilheterias, Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa alcançou uma grande aprovação do público. O filme, que representa uma nova gênese para Peter Parker, se apoia no fan service e na nostalgia para emocionar os espectadores. A sensação de assistir a esse filme no cinema é semelhante a estar em um estádio. O público grita, aplaude, chora e, no fim, sai com um sorriso de vitória. Ele é envolvente e, apesar da longa duração, o espectador sequer sente as 2h30, imerso naquele universo, ou multiversos.

Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa está em exibição nos cinemas.

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8. Belfast

O filme de Kenneth Branagh explora suas próprias memórias em Belfast, no final dos anos 60. Toda a crescente tensão política e religiosa, proveniente do embate entre protestantes e católicos é retratada pelos olhos de uma criança, o protagonista Buddy. Belfast foca nessa família e nos desafios que surgem nesse conturbado panorama. Apesar da temática de fundo ser pesada, o filme consegue ter momentos de fofura, apoiados na pureza do olhar infantil. A narrativa é emocionante e os aspectos técnicos de trilha sonora e fotografia corroboram para isso.

Belfast tem a previsão de estreia no dia 24 de fevereiro.

Em breve, a crítica será postada.

7. A Mão de Deus

Na mesma pegada de Belfast, A Mão de Deus é um filme sobre memórias e nostalgia. Nos anos 80, em Nápoles, o jovem Fabietto vive na esperança de Maradona vir jogar em sua cidade natal, na equipe da Napoli. Ao mesmo tempo, dramas familiares se desenvolvem e circundam a vida do jovem. Eu sou suspeito para falar, pois adoro filmes sobre amadurecimento. Neste, é tudo feito com bastante delicadeza e carinho com o passado, por isso gostei tanto do filme de Sorrentino.

A Mão de Deus está disponível na Netflix.

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6. Noite Passada em Soho

O filme de Edgar Wright se envereda pelo caminho do terror psicológico ao explorar a história de Eloise, uma garota que transita pelo presente e pelo passado, acompanhando a lenta derrocada de Sandie. A fotografia recheada de neon é belíssima. A seleção musical, elemento fundamental para a trama, se apoia no vintage para transmitir a dualidade do presente e do passado. A tensão é crescente ao longo da trama e as performances de Thomasin McKenzie e Anya Taylor Joy são bastante potentes. Adorei a experiência proposta pelo diretor e acho todo o subtexto bem delineado.

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5. O Último Duelo

Ridley Scott realizou dois filmes em 2021, Casa Gucci e O Último Duelo. Contudo, é decepcionante observar que o melhor dos filmes foi esquecido. A história acompanha o último duelo ocorrido na França. Jacques Le Gris (Adam Driver) é acusado de violentar Marguerite (Jodie Comer), esposa de seu amigo Jean de Carrouges (Matt Damon). Para declarar a inocência ou culpa de Le Gris, ele e Jean travam um duelo até a morte. A narrativa se estrutura em três pontos de vista, como um Rashomon (1950) moderno. A montagem de Claire Simpson usa das três versões para construir os fatos, mas o público, desde o princípio, sabe em qual verdade acreditar. O Último Duelo é um épico moldado minuciosamente, em que a potência reside nos olhares e nos discursos, mas claro, também tem sua sequência arrebatadora de combate.

O Último Duelo chega ao Star+ no dia 19 de janeiro.

4. A Lenda do Cavaleiro Verde

Ainda na temática medieval, a fantasia A Lenda do Cavaleiro Verde foi uma grata surpresa em 2021. O filme de David Lowery se estrutura como uma quest de RPG, a cada momento, um novo desafio se prostra diante do Sir Gawain. A atmosfera etérea e quase onírica que o filme alcança é fascinante. A performance de Dev Patel é também responsável pelo altíssimo envolvimento que tive com a obra. A sequência caleidoscópica do castelo é uma das cenas mais impressionantes de 2021. O filme é, sem dúvida, uma experiência sensorial única, pois renuncia a verossimilhança que os contos Arthurianos tanto almejam, e abraça o fantástico.

A Lenda do Cavaleiro Verde tem sua estreia no catálogo do Prime Video marcada para 21 de janeiro.

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3. Ataque dos Cães

A trama revisionista de Jane Campion possui as melhores atuações em um filme de 2021. Esse western renega os tiros e o bangue-bangue tradicional. Ele se estrutura no silêncio, nos olhares, nos toques, em um plano de sutilezas e sensibilidade. A ausência de ação, — lê-se violência — que muitos reclamaram, é infundada. Ataque dos Cães é um filme violento. O duelo entre Phil e Rose é mais impactante do que uma série de tiroteios. A posição imperiosa e ameaçadora que Phil exerce nos demais é também violência, não a física que tanto queriam, mas psicológica. As performances dos atores são dignas de nota, não é por acaso que sejam favoritos na temporada de premiações. Me conectei bastante com o filme, tudo está oculto por camadas, desde a violência, até a verdade dos personagens.

Ataque dos Cães está disponível na Netflix,

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2. Annette

No ano dos musicais, o que eu mais gostei foi Annette. O filme de Leos Carax conta com a dupla Marion Cotillard e Adam Driver para guiar essa trama bizarramente fascinante. As responsabilidades do casal só aumentam quando os dois artistas tem uma filha. Annette é uma criança diferente das outras, sua habilidade para cantar é ímpar, e não demora muito até que a bebê Annette se torne um fenômeno midiático. Carax tece comentários sobre a fama, a ganância, e a responsabilidade parental, a qual nem Anne ou Henry parecem prontos para exercer. O filme conta também com as músicas compostas pelo grupo Sparks. Quase todas as canções são envolventes, ao longo do ano, ouvi diversas vezes o álbum de Annette, de May We Start até Sympathy for the Abyss.

Annette está com uma exibição limitada nos cinemas, mas está disponível na Mubi.

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1. Duna

Amado por uns e odiado por outros, Duna foi meu filme preferido de 2021. Talvez em um misto de paixão e expectativa, o filme de Denis Villeneuve me arrebatou facilmente. Duna foi o filme que marcou meu retorno às salas de cinema e, além disso, já estava bastante ansioso para ver como o diretor adaptaria a obra de Frank Herbert que, a partir do momento que li, me apaixonei. O resultado foi incrivelmente satisfatório. É impossível não comparar a adaptação com a obra original. Apesar de pouco tempo de tela para alguns personagens, para mim Villeneuve consegue efetivamente transportar para a tela a essência de Duna. O desenvolvimento das rixas políticas ou então a internalização do propósito de Paul Atreides, todos esses momentos são bem apresentados.

Duna está disponível na HBO Max.

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